A gestão financeira da Polícia Nacional de Angola (PNA) está envolta em um escândalo de corrupção de proporções alarmantes. O director nacional de Planeamento e Finanças da corporação, comissário Gomes Baptista Bonda, é acusado de liderar um esquema fraudulento que envolve o desvio sistemático de fundos públicos, abuso de poder e enriquecimento ilícito.
REDAÇÃO PORTALTVNZINGA
Segundo denúncias enviadas a diversas instituições, incluindo o Ministério do Interior, a Procuradoria-Geral da República (PGR), o Comando Geral da Polícia Nacional e a Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE), Gomes Bonda teria usado sua posição para desviar verbas destinadas ao funcionamento da Polícia Nacional, comprometendo a capacidade operacional da instituição e promovendo um sistema de corrupção institucionalizada.
Apelidado de “Bilionário Gomes Bonda” nos corredores da corporação, o alto oficial da PNA é descrito como alguém que, ao longo dos anos, acumulou uma fortuna suspeita, ostentando um estilo de vida incompatível com sua posição na administração pública.
Segundo fontes internas Gomes Bonda é dono de uma frota de viaturas de luxo, adquiridas à custa do erário, e exibe uma postura de arrogância e impunidade, protegendo-se dentro de um sistema que há muito tempo favorece a corrupção e o tráfico de influências.
O esquema, segundo as denúncias, tem como base um desvio sistemático de percentuais elevados das quotas financeiras mensais destinadas à Polícia Nacional, manobra essa orquestrada em parceria com o chefe de Contabilidade e Finanças e outros elementos estratégicos da Direcção de Finanças da PNA.
O suposto esquema liderado pelo comissário bilionário Gomes Bonda não se restringe a um único sector dentro da Polícia Nacional. O desfalque atinge diferentes áreas, incluindo operações mercantis, gestão patrimonial e, sobretudo, despesas com pessoal e bens e serviços.
O modus operandi do esquema incluí a falsificação de documentos financeiros, remanejamentos orçamentais fraudulentos e forjamento de processos de liquidação para encobrir os desvios de dinheiro.
Outro aspecto alarmante desta denúncia é o facto de que o comissário Bonda estaria cercado por uma rede de cúmplices, incluindo subordinados estratégicos dentro da estrutura da Polícia Nacional.
As Direcções de Planeamento Económico, Contabilidade e Finanças, Apoio Técnico e Processamento Salarial seriam todas lideradas por indivíduos nomeados directamente pelo próprio comissário Bonda, garantindo assim o funcionamento ininterrupto do esquema corrupto.
Além disso, há indícios de que os altos escalões da PNA e outros órgãos governamentais foram cúmplices silenciosos desse saque aos cofres públicos, permitindo que os desvios ocorressem sem qualquer fiscalização séria ao longo dos anos.
Propriedade privada
De acordo com as acusações, Bonda se vangloria publicamente de ser o verdadeiro gestor da Polícia Nacional, operando como se a instituição fosse um feudo pessoal.
Sua permanência no cargo é vista como uma afronta à luta contra a corrupção defendida pelo Presidente João Lourenço, minando qualquer credibilidade que ainda reste no discurso do Executivo sobre transparência e boa governação.
A prática recorrente de enriquecimento ilícito por parte de dirigentes da PNA tem sido uma das principais razões para a precariedade da corporação, que se debate com falta de recursos essenciais para o funcionamento digno das suas operações.
Enquanto agentes da Polícia Nacional enfrentam péssimas condições de trabalho e salários baixos, os altos dirigentes esbanjam fortunas, adquirindo imóveis no exterior e desviando somas avultadas sem qualquer receio de represálias.
“Diante dessas revelações, as entidades de fiscalização, como a PGR e a IGAE, têm a obrigação moral e legal de intervir imediatamente para investigar as acusações e responsabilizar os envolvidos”, disse o analista Nsole Pedro ao Imparcial Press.
“A Polícia Nacional, como instituição fundamental para a ordem e segurança pública, não pode continuar a ser saqueada por indivíduos que, ao invés de zelar pelo cumprimento da lei, a subvertem para benefício próprio”, enfatizou.
Defendendo que “a sociedade angolana não pode mais tolerar esse nível de impunidade. É urgente que o Executivo e as autoridades competentes tomem medidas exemplares para desmontar esse esquema e pôr fim ao domínio da corrupção dentro da Polícia Nacional”.
O analista acredita que se os esforços contra a corrupção forem sérios, figuras como Gomes Bonda não podem continuar a exercer cargos de poder dentro do Estado.
FONTE: IMPARCIAL PRESS