Não sei se há alguma praga contra as mulheres ao cadeirão máximo da governação da Província…! Ou o regime as tem como simples de manipular, prometendo fundos, e depois finta-las sem dinheiro nenhum?! Só que isso fragiliza a imagem das mulheres! Mera coincidência entre esta Era e a da Senhora Matilde da Lomba?
Estou assustado com a velocidade da degradação de Cabinda. Vamos observar algumas áreas:
1 – ESTRADAS E TRANSPORTES: embora seja um problema antigo, nos últimos anos a degradação das estradas, novas e antigas, tem sido um constrangimento total. Há abertura de ravinas nas principais vias de comunicação, ameaçando a circulação de pessoas e bens. Há buracos em tudo o que é canto. Até no coração da cidade.
As vias secundárias e terceárias nos bairros periféricos da cidade capital da Província, evidenciam a inação e a incompetência do governo Provincial. Não se circula bem em nenhum bairro de Cabinda. Vivemos em autênticos guetos, completamente anormais e inadmissíveis para uma terra rica como a nossa.
Com relação aos transportes – passar pelos pontos de concentração das populações onde pega um meio de transporte, tem sido uma verdadeira ofensa à moral!
Não consigo compreender como é que não se consegue implementar um sistema de transportes público, de facto, para uma zona tão pequena e com menos de 1 milhão de habitantes.
Os autocarros adquiridos pelo Governo, foram vendidos aos privados que, como era de esperar, buscam por lucros alugando-os em empresas de construção e afins. O recurso para as populações, são as motorizadas, com todos riscos e desordem associados.
2 – LUZ E ÁGUA: os investimentos nos sectores de luz e água têm sido massivos ano após ano. Várias foram as linhas de créditos que são do domínio popular, que não produziram qualquer resultado que dignifique a vida do cidadão.
Foram adquiridos dois ou mais turbinas a gás, publicitadas com pompas e circunstâncias. Fizeram descolar à Cabinda grandes individualidades, mas que para além de virem exibir gravatas, possivelmente vieram apenas confirmar o que teriam de comissões. Infelizmente voltamos na lógica de ter luz “1 dia sim, 1 dia não”. Estamos a passar por restrições de energia à níveis intoleráveis; os cortes e apagões assemelham-se aos intermitentes dos carros.
Os Directores da PRODEL e ENDE deviam demitir-se.
O projecto de Água de Sassa-Zau, inaugurado há menos de dois anos, trouxe uma enorme expectativa de ser a solução de slogan “água para todos”. Lamentavelmente está sucumbindo, diante a incapacidade de gestão técnico-financeira e, se calhar, por falhas de concepção ou de opções de modelos viáveis.
Igualmente o Director da EPASC devia colocar o cargo a disposição.
3 – SAÚDE: há cerca de 3 anos, introduziu-se a prática de cada cidadão que se dirigisse à um Hospital público, levar um caderno para que servisse de ficha onde se devia anotar a triagem, os dados dos exames, do consultório e o receituário. Esse caderno, com dados sensíveis fica sob cuidado do cidadão que o vai apresentando de farmácia em farmácia a busca de fármacos, porque nos hospitais públicos não existem medicamentos. O povo está quase habituados a isso, infelizmente!
O caricato e inaceitável está acontecendo nos últimos dias:
- Todo doente que busca por um exame de Raio-X ou Ultra-som nos hospitais públicos, deverá ter um telefone digital para guardar os resultados em formato digital e apresentar ao médico, porque não há materiais para a impressão física desses resultados. Onde chegamos!
- O outro caso grave tem que ver com a falta de testes de HIV-SIDA e de medicamentos retro-virais nos Hospitais públicos. Quem precisar de um teste rápido, deve dirigir-se à um laboratório privado e pagar pela sua obtenção. O agravante é que boa parte das Clínicas e Postos médicos privados, são de responsáveis do governo nesse sector.
Como se pode aceitar essas coisas num País como Angola e na Província de Cabinda em particular?
4 – CESTA BÁSICA: Esta é a parte mais complexa de se analisar. Não terei palavras a frisar sobre esta matéria, só para evitar ser mau educado. Não compreendo por que razão uma terra fértil, que brota tudo, o povo passar por miséria do tamanho que assistimos hoje.
5 – SEGURANÇA PÚBLICA: Nunca nesta minha curta vida, mas já longa em vivências, constatei tanta insegurança como agora. Nem mesmo quando a guerra estava no auge, Cabinda tinha níveis de perturbação e insegurança públicas quanto aos de hoje. Estamos a viver momentos difíceis. Rouba-se a luz do dia, tira-se vidas por causa de um telemóvel ou de um televisor. As noites que eram de descanso, passaram a ser de vigília, literalmente falando. Quando ligamos a polícia para o socorro, duas possíveis repostas se recebe: 1 – o número não está disponível ou 2 – estamos sem meios. Culpa, a Corporação não tem. Tem-no o Governo.
Vivemos um verdadeiro Estado Anarquista!
Mas para o MPLA, o que significa GOVERNAR?
Atenção: ou MPLA sabe de tudo o que está acontecendo e admite que faz parte da sua estratégia de manutenção do poder, forçando o povo a ir às ruas, ou o MPLA já não consegue enxergar nem as cores vermelha e preta da sua bandeira, de tanto cansaço de governação. Das duas, uma.
Aos nossos concidadãos recomendo muita coragem e sabedoria nesta fase da nossa história. Evitemos cair nas ciladas. Mas também, vamos aos campos produzir. Cultive atrás de sua casa. Seja solidário para quem tiver menos. Vamos nos unir porque os últimos dias são sempre os mais difíceis. Tenhamos fé que chegará um novo amanhecer onde tudo se fará novo. O País tem potencialidades para dar felicidade aos seus filhos.
Há soluções para tudo isso? Sim, há. Uma alteração do grupo que governa o País é a única solução para a mudança desse estado de coisas. E essa mudança deve ser ordeira, por meio de eleições. Existem alguns cépticos quanto a isso, mas quero vos assegurar que o MPLA cairá com a elevação da consciência de cidadania. E o nosso trabalho hoje é despertar as mentes.
Que Deus abençoe a todos!
Obrigado
José André Chiânica Brás