Eritreus e indianos da fábrica “Canaan South também conhecida por Canaan Joy” desafiam leis angolanas. Representada por Yonnas Goiton Assgodom, Sankap Podar e Amar, presidente do Conselho Administrativo, director geral e director fabril, um eritreu e dois indianos respectivamente.
REDACÇÃO PORTALTVNZINGA
Denúncia:
Três trabalhadores, em representação dos mais de 120 da fábrica de sumos da marca Canaan South Luanda, responsável pela produção do sumo “Canaan Joy” da linhagem da Canann Joy, clássico tutti fruti, Vital sumo, Vita sumo, Biota, Kissumo, Vita malt, Nutry Angola, Guardania e Água Aura e Cana qua, denunciam maus tratos e falta de indemnização e abandono do funcionário que perdeu três dedos em acidente de trabalho.
José Bernardo João, de 49 anos de idade, trabalhador da fábrica Canaan Soth há 6 anos, exercendo as funções de serralheiro e ao mesmo tempo de carpinteiro até 2 de Outubro de 2024, altura que perdeu três dedos (indicador, médio e anelar) da mão esquerda em acidente de trabalho no interior da fábrica, declarou ao Na Lente do Crime.
“No acto do acidente, os patrões mandaram levar-me à Clínica Sagrada Esperança onde fui socorrido, pela gravidade do ferimento acabei internado por oito dias, findo os quais passei a fazer tratamento ambulatório numa outra clinica mais barata, e por falta de apoio com o transporte (táxi), desisti”, conta, “ao solicitar mais apoio financeiro, a direcção de recursos humanos recusou dizendo que devia cobrir com o meu salário”, disse.
“Tenho um salário de noventa mil Kwanzas mês que não me satisfaz, da minha residência à clínica onde fazia o ambulatório é muito distante, acabei por desistir e até hoje estou em casa, sofro com dores intermináveis, ao tentar levantar o braço, ao dormir, ao caminhar, enfim… só Deus para me manter em vida”, lamenta.
Não há Indemnização
José João revelou ao Na Lente do Crime que “a fábrica “Canaan South, está a usurpar os meus direitos, até ao momento não falam em indeminização, praticamente acabou com a minha vida, estou limitado, não consigo exercer as minhas profissões nestas condições, sou pai de sete filhos e uma esposa que dependem de mim, sou o garante do sustento em casa, sou pobre e não tenho recursos para pagar um advogado, o grito por socorro”.
IGT existe?
Continuando, pede a intervenção da Inspecção Geral do Trabalho (IGT). “Peço a vossa intervenção, a Canaan South deve indemnizar-me, assim penso, não sei se estou errado, mas acredito que nos outros países é mesmo assim, peço encarecidamente às instituições do Estado que me ajudem”, implora.
Outro trabalhador, Jacinto Manuel, de 48 anos de idade, eletricista industrial, desde 26 de Março de 2000 a prestar serviços na Canaan South até 15 de Novembro de 2024, foi suspenso sem motivo aparente.
“Assinamos um contrato com a fábrica de seis meses renováveis automaticamente que nunca se renovou”, explicou.
“A vida na fábrica é muito dura, os trabalhadores não têm direito a férias e nem sequer são remunerados e, para nos aldrabar, dão-nos quinze dias em grupos para ficarmos em casa o que eles consideram férias.
Mas para beneficiares dessa tal uma semana, és obrigado a ficares atrás dos patrões cerca de 8/9 meses”, disse.
Segundo o trabalhador, existe muito despedimento arbitrário, há menos de dois anos oito trabalhadores foram dispensados sem razão aparente.
“Quando querem dispensar um trabalhador, criam métodos de processo disciplinar, dão-te uma convocatória para seres ouvido, depois vem a sentença de despedimento por indisciplina, como argumentam”, denúncia.
Carga horária excessiva
Na Canaan South, “trabalhamos em regime de grupos, das 07 horas às 19 horas, outro grupo entra às 19 horas e larga às 07 horas do dia seguinte, não pagam horas ex-traordinárias, eles (patrões) dizem quem não quer cumprir que vá para sua casa”.
Salários desajustados
“Existe muita disparidade de salários entre nacionais e expatriados; faço a mesma coisa em relação ao expatriado, no caso o Aram (electricista industrial), e fui eu quem o recebeu há dois anos, vindo da Índia, usufrui o salário de um milhão e quatrocentos mil kwanzas, ao paço que eu recebo duzentos mil kwanzas, refere.
Na fábrica os nacionais não têm direito a almoço, férias, já o expatriado têm um subsídio de KZ 100 mil kwanzas mensal e um cozinha específica, temos tido muitos acidentes de trabalho e muitos deles são tratados no posto médico local, os mais graves são transferidos para a Clínica Sagrada Esperança.
No contraditório a nossa equipa foi recebida segunda-feira 24 as 11horas por Sera Diambula da direção dos recursos humanos, que entre as denúncias, refutou algumas, fez saber que a empresa tem contrato para todos trabalhadores com a Clínica Sagrada Esperança, mais ao observarmos notamos que expirou em Fevereiro do ano passado, por outra, admitio que o trabalhador que perdeu os dedos, está em falta a indemnização e promete levar a preocupação às instâncias superiores da empresa.
Na Lente do Crime, vai acompanhar o desenrolar deste processo.