Activistas em Benguela, que desenvolveram uma série de actividades no âmbito do projecto Ekolelo, dizem ter sido alvos de actos de intolerância política e ameaças de morte por parte das forças policiais entre 2021 e dezembro de 2022.
Redação do Portaltvnzinga
Num relatório, a que o MUDEI teve acesso, os activistas descrevem a situação como sendo bastante crítica em matéria dos direitos humanos, com maior incidência nos municípios do interior da província de Benguela, onde, sobretudo ao longo do período eleitoral houve uma agudização das ameaças de morte e de prisão.
Segundo o documento, os ataques e restrições ao trabalho dos activistas foram mais intensos nos municípios do Bocoio, Caimbambo, Chongoroi, Balombo, Ganda e Cubal onde as forças policiais, a mando das autoridades administrativas locais “impediram os activistas de movimentar-se, assim como de contactar os munícipes”.
No município do Bocoio, por exemplo, as autoridades terão destacado inicialmente dois agentes à paisana e armados, que se faziam transportar numa motorizada, ocupando o seu tempo a perseguir a equipa de operadores sociais que, no terreno, distribuíam material de propaganda eleitoral.
Como resultado das perseguições, um membro da sociedade civil nesse município teve de fugir da sua residência devido à acção protagonizada por elementos supostamente afectos ao MPLA.
Na sequência dos actos de intolerância, dizem os activistas, o pastor Daniel Lukembe, Coordenador da ONG Angola 2000, e um activista cívico, foram também alvo de uma acção de pressão psicológica, quando mebros de forças de segurança terão ido “procurá-los” às suas residências, sem que apresentassem qualquer mandado para o efeito.
No Balombo, elementos supostamente afectos ao regime recolheram panfletos de educação cívica que tinham sido distribuídos à população e em Caimbambo, os activistas foram perseguidos e acusados de sabotar o projecto kwenda, tendo sofrido ameaças de morte. No Chongorói, o mesmo tipo de ameaças, depois de procederem à distribuição de material de propaganda.
Ao então coordenador da Rede de Activistas de Benguela, Eduardo Ngumbe, foi feita uma ameaça mais contundente, ao lhe ser apontada uma arma de fogo por um cidadão que atende pela alcunha de “Lobex”, que reconheceu como pertencendo ao SIC, já tido este mesmo agente procedido a sua remoção de uma das manifestações na qual participou. Este acto foi executado num local público e bastante frequentado, um restaurante no município do Lobito.
“Um elemento fulcral, porém, com pouca expressão, é a segurança cibernética que, por incrível que pareça, esteve sempre ameaçada” lê-se no relatório, que cita como exemplo desta vulnerabilidade dos activistas dois ataques quase simultâneos que sofreram quando tentavam transmitir em directo para o facebook o programa de rádio realizado pela Rede de Activistas de Benguela.
Eis os desafios que subsistem para quem se proponha ser agente de mudança de mentalidades e atitudes neste imenso território chamado Angola.