Vim a Angola por razões profissionais e, no contexto dos convites recebidos para congressos do PL e do PRA-JA, tive novamente o privilégio ou talvez o castigo de encarar de frente a realidade do meu país. E, cada vez que o faço, a ferida abre-se ainda mais fundo. Angola não está apenas doente. Está a ser gerida por um boneco. Um boneco reborn.
Chamo a isto “política reborn”, como se fosse um novo fôlego, um recomeço. Mas enganam-se. A política angolana não é um verdadeiro renascimento. É um bebé reborn, bonito à superfície, bem vestido para a fotografia, realista ao toque, mas absolutamente morto por dentro. Um boneco sem batimentos cardíacos, que alguns insistem em embalar como se tivesse futuro.
O partido no poder (MPLA), o mesmo que devora décadas da nossa história, comporta-se como quem segura esse boneco ao colo…. finge que governa, finge que se preocupa, finge que há vida. Mas não há. Nem há fome de progresso, nem sede de justiça. Há apenas um teatro político, sustentado por bajuladores e aduladores sem vergonha, que preferem adorar o “boneco” do que encarar a verdade.
Angola está estagnada porque é governada por algo que não cresce, não evolui, não sente. Um governo reborn. Mas que sabe viajar o tempo todo.
Do outro lado, a Oposição não passa de uma maternidade falida. Em vez de gerar ideias, passam o tempo a disputar quem será o “líder da oposição”, como se o título valesse mais do que o combate. Brigam por espaços enquanto o regime ri. Já não querem destruir o sistema; querem apenas aparecer. Esta infantilização da política da Oposição tem sido um dos maiores aliados do poder. Quanto mais a Oposição se autodestrói, mais espaço o MPLA tem para respirar e manter o seu boneco no trono.
E ainda há quem acredite que o país está a avançar. Que as “centralidades” são o espelho do progresso. Visitei-as. O Kilamba, em particular, é o retrato da mentira institucionalizada. Um lugar com cheiro a urina, esgotos rebentados, ratos em patrulha e lixo a céu aberto. Um projecto urbano que parece uma casa de bonecas… bonita por fora, podre por dentro. Construída para enganar, não para acolher.
A juventude, que deveria ser o motor da mudança, está completamente sem norte. Perdeu-se numa cultura de imediatismo, onde a prostituição deixou de ser tabu para se tornar caminho. Universitárias e menos letradas já não diferem muito nas aspirações; sobrevivência, fama vazia, dinheiro rápido. Sem rumo, sem ideologia, sem horizonte. Um exército que poderia derrubar sistemas, mas que está ocupado a seguir influencers e a vender o corpo porque o País já lhes roubou a alma.
Vivemos num tempo de bonecos. A política é reborn, os discursos são reborn, até os líderes são reborn sem autenticidade, sem vitalidade, sem compromisso. Angola precisa de romper com esta farsa. O povo angolano não nasceu para ser governado por bonecos embalados por mãos sujas. É tempo de rasgar a manta, partir o berço e encarar a verdade de olhos bem abertos.
Os activistas !? Sim aqueles “ditos dali” das redes sociais hoje são funcionários dos partidos políticos. Venderam a causa, embrulhada em bandeiras partidárias.
Para mim, ou fazemos uma revolução de sentido, ou continuaremos a viver num teatro de mentira, onde o futuro não passa de um brinquedo inerte nas mãos do sistema Reborn.
O que vejo é um país nas mãos de algo que parece humano, mas que nem sente.
Ele é um bebé Reborn. Só não menciono nomes para evitar que me enquadrem no artigo 333.º do Código Penal.
É Sakatindi – Informações Além do Óbvio.
É SAKATINDI
Sabalo Salazar
Perito Judicial & Especialista Forense
Inscrito no Tribunal de Justiça de São Paulo Cédula-nº 0142/2022